Um amigo querido que tem a vocação, como a minha e do André, de relacionar cristianismo e cultura - visite
o blog recém-aberto dele, que promete! - escreveu para Andrew Basden, professor cristão, sobre tecnologia. Basden respondeu com algo poderosamente motivador: que Deus está movendo seus filhos de um jeito novo, hoje, para quebrar a divisão entre o sagrado e o secular. Creio nisso! E hoje, dia do escritor, trago até vocês uma reflexão que faço a partir dessas palavras e do que entendo ser uma vocação imprescindível em qualquer época, mas sobretudo nos dias de hoje.
A correlação entre cristianismo e cultura é algo que está engatinhando entre nós. Nossa teologia, mesmo que correta, em grande parte ainda se relaciona mal com a realidade, com o que existe; ainda contempla demais o próprio umbigo. Precisamos com urgência nos lançar seriamente à dupla tarefa que consiste em, sempre sob a luz do Evangelho, enxergar o mal e o erro como realmente são, descrevendo suas variedades e profundidades (psicológica, sociológica, política, cognitiva, tecnológica, existencial), para assim enxergar e descrever aspectos verdadeiros da redenção, por contraste. Isso é primordial para fugirmos das expressões da fé que, mesmo sendo bíblicas, se repetidas muitas vezes sem o "recheio" da vida real, acabam se tornando palavras vazias: Jesus salva do quê? Não é de um pecado conceitual, abstrato, mas bem real, com efeitos reais, destrutivos e dolorosos! E em quê especificamente nos redime? Para algo que podemos começar a provar, saborear, ainda aqui neste mundo! Isso significa que a mente de Cristo de fato orienta a aplicação da teologia no reconhecimento e na solução do mal, em todas as áreas do saber.
Schaeffer chama muito a atenção da gente para isso: a falta de realidade na pregação e no ensino da Palavra, gerando igrejas cheias de crentes que vivem e pensam como zumbis. Boa parte da angústia que podemos sentir quando vemos o quanto estamos longe de uma cosmovisão genuinamente cristã, em ação, nas nossas igrejas e nos meios seculares, talvez esteja relacionada com o fato de sentirmos que estamos diante de um caminho quase fechado no mato. Ainda bem que é quase: há décadas Deus tem impulsionado cristãos de gerações seguidas nessa vocação de rechear a teologia e fazê-la colocar os pés no chão; Abraham Kuyper, Herman Dooyeweerd, Cornelius Van Til, Francis Schaeffer, só para citar alguns. Aqui no Brasil, também não estamos órfãos: Wadislau Gomes, Davi Charles Gomes e Fabiano Almeida têm feito um trabalho excelente nesse sentido. Ainda há muito o que fazer. Se você me entende e sente que essa também é sua vocação, mãos à obra! Estamos juntos nisso!